Falar sobre câncer de mama exige respeito e coragem. Quando trazemos a prevenção do câncer de mama para o centro das conversas entre mulheres, entendemos que esse cuidado passa por tantas nuances, e com certeza o apoio emocional para quem está em qualquer uma das fases desse processo é necessário.
A ida à mamografia pode ser difícil. O exame costuma mexer com a nossa imaginação, expectativas, medos. Atire a primeira pedra quem nunca perguntou para a médica durante o exame: “está tudo bem aí? você está vendo alguma coisa estranha?” movida pela ansiedade e estranhamento diante daquelas imagens que aparecem na telinha do ultrassom, impossíveis de decifrar. Quando estamos dentro de um grupo de confiança, essa experiência pode ganhar força, afinal é muito diferente entrar num exame já tendo ouvido falar sobre ele, sabendo o que vai acontecer lá, preparada emocionalmente para o que esse momento tão intimo pode gerar.
Quando uma mulher se depara com o diagnóstico de câncer de mama, isso vai mexer com sua identidade, feminilidade e planos de vida inevitavelmente. Do dia da mamografia até o diagnóstico, como fica a cabeça dessa mulher? Quais pensamentos e sentimentos ocupam sua mente e seu coração? Agora, imagina viver tudo isso de maneira solitária e silenciosa.
Certamente viver essa experiência de forma reclusa e desamparada vai ter um efeito muito diferente nessa mulher, psicologicamente e até fisicamente falando.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) mostram que o câncer de mama representa cerca de 25% dos casos de câncer entre mulheres no Brasil. Isso reforça a urgência de falar sobre o tema, com consistência. A prevenção do câncer de mama precisa ser rotineira e comunitária, e não apenas em outubro.
Essa é uma conversa onde não podemos separar a saúde física da saúde mental. Elas vão caminhar de mãos dadas todo o tempo. E outras mãos que também devem estar dadas para passar por tudo isso são as nossas, as mãos das mulheres que precisam fazer o auto-exame e a mamografia periodicamente. Das mulheres que no mínimo conhecem mulheres que passaram ou estão passando pelo processo do câncer de mama. O que faremos entre nós sobre isso? Essa questão nos atravessa, da prevenção ao diagnóstico.
Desde que me tornei mãe descobri na pele o poder de uma comunidade. Não sei o que seria da minha maternidade se não fossem os encontros em rodas de conversas com outras mães passando pelas mesmas alegrias e sufocos que eu. Trocas, dicas, dores, dificuldades, descobertas. Assistir outras mães colocando em palavras sentimentos que em mim ainda estavam tão confusos. Assistir alguém confessando dores que eu estava passando foi tão poderoso, deixei de me sentir sozinha na minha experiências e nos pontos sofridos que ela tiveram para mim.
Trago essa experiência pessoal para falar da importância da sororidade entre mulheres quando estamos passando pelos processos mais difíceis da nossas vidas, sejam eles quais forem, e certamente estou trazendo o câncer de mama como uma dessas experiências.
Falar abertamente sobre isso, e nos escutar e reforçar a prevenção promove humanização na jornada. Cada conversa sobre câncer de mama ajuda quem ainda está em silêncio. Cada partilha pode ativar a prevenção do câncer de mama, fazendo com que se torne um ato coletivo de cuidado.
Prevenção é só o inicio dessa conversa, e a prevenção do câncer de mama vai além dos exames e também envolve acolhimento emocional, escuta e presença.
Alguns dados que embasam essa conversa:
Mulheres que participam de grupos de apoio relatam menor ansiedade, depressão e mais engajamento na prevenção do câncer de mama (Journal of Psychosocial Oncology, 2021) https://journals.lww.com/jporp/fulltext/2021/09000/comparing_online_support_groups_with.2.aspx?utm_source=chatgpt.com
“Uma equipe de ‘boob buddies’ foi essencial para mim. Ter mulheres que contaram suas histórias ajudou demais na minha recuperação,” compartilhou Lindy Russell, identificada em levantamento de vivências reais .
“Quando me sentei naquela sala, pela primeira vez senti que ia viver e que não estava sozinha. Estar com mulheres que também tinham medo me deu força.” Nancy, voluntária do suporte SHARE
Essas falas não são frases vazias: são mulheres reais compartilhando o que ajudou no processo psicológico e na prevenção ativa. A psicologia ajuda criando espaços seguros: rodas, grupos terapêuticos, atendimentos direcionados. Elas fazem a prevenção do câncer de mama sair da esfera individual e entrar no coletivo com apoio real.
A força não está só no toque preventivo (que sim, é parte fundamental desse processo), mas no abraço coletivo. Falar, escutar, unir-se é uma ação central na prevenção do câncer de mama e na construção de saúde emocional para todas nós.